quarta-feira, 12 de outubro de 2011

RECAÍDA

         Se eu não estivesse frequentando um grupo de auto-ajuda, estava eu aqui pensando, provavelmente meus pensamentos seriam outros. Talvez, neste momento, estaria obcecada pela obsessão do meu adicto, talvez passasse pela minha mente aqueles pensamentos de: Que mais posso eu fazer!
         Um companheiro do grupo me sinalizou que às vezes não é conveniente contar os dias de abstinência. Mas eu preciso disso ainda. Preciso porque devo ainda voltar atrás e ver de que forma 600 dias de serenidade mudaram a minha vida. Foram 600 dias de uma felicidade nunca vivida até então. Parecia que tudo acabaria bem. De qualquer forma, continuava frequentando o grupo na busca do equilíbrio e suporte para uma possível mudança  de planos(não minha, obviamente);porque eu estava certa de que tudo estava indo bem. Mas, o bicho é gigante, e veio pra cima de mim com garras expostas afiadas; Com sinceridade, não estaria eu aqui, agora, escrevendo pra vocês, se não fizesse uso dos pensamentos que aprendi no *Nar-Anon. Talvez tudo seria diferente se meu adicto não encostasse a mão em mim, melhor,não espalmasse a mão no meu rosto. Poderia até me ofender com aqueles apelidos nada simpáticos, obras do uso desesperador de drogas, mas não deveria usar a agressão física como arma de defesa. Colocou fora a recuperação dele, abalou a minha recuperação e voltou pro final da fila( onde ele dizia que não queria mais estar). Não estou aqui, lamentando, porque já aconteceu, não adianta mais lamentar;Estou desabafando, porque preciso. Sou do tipo, falar me faz bem, então vou fazer o MEU bem.
           Penso que, quando o adicto conhece um grupo de auto-ajuda, já sabe que existe uma solução prá sua obsessão, já conhece os passos prá não deixar a dita cuja tomar conta. Resiste, mas reconhece que tá ficando melhor agora. Então é hora de  exercer o QUERER, querer muito mais do que as suas vontades, porque depois que a vontade passa, tudo serena de novo. E se fazemos a nossa vontade, na doença da adicção, pagamos o preço depois. Voltamos pro final da fila. 
          Aprendi, no meu grupo, que minha vida tem que mudar, se tinha atitudes antes que nunca me ajudaram a sanar minhas dificuldades, devo tentar mudá-las agora, fazer o movimento ao contrário(como dizem os companheiros). E nesta recaída é isto que estou buscando fazer da minha vida. Já percebi que mudei meus pensamentos, preciso me salvar do precipício, então faço agora por mim. A escolha da recaída não foi minha, não posso culpar-me e querer consertar o mundo e ao adicto, mas posso ME  consertar.
         Agressão física é a PIOR das insanidades de um adicto. è  aquela que pode evoluir para crime hediondo, é aquela que pode ACABAR de vez com sua vida.
         Fiz o que poderia ter feito, enquanto meus limites eu respeitei, agora tenho que cuidar da minha alma, do meu espírito. Ao  meu adicto só me resta ORAR. 
PAZ E BEM Á TODOS

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