Olhe-me, estou aqui.
Sou uma buscadora e tenho tentado, do meu jeito, acertar e ser feliz. Mas, parece que não me entendem direito e não sei como me explicar. Sei o que penso e sinto, mas também não sei como fazer as pessoas entenderem.
Minha vida, quando olho para trás, teve momentos bem difíceis. Sei que algumas pessoas passaram por momentos piores e traumáticos, mas eu é que estou comigo e entendi que uma coisa aparentemente mais simples para mim pode significar um grande desafio. Por isso me sinto só, por não poder partilhar minhas coisas. Algumas vezes porque não há tempo, outras porque as pessoas não querem escutar e outras porque não me imponho com delas.
Dá uma vontade de dizer: Olhe-me! Veja quem eu sou e como estou hoje... Mas me perdi no bom dia... como vai... tudo bem. Me acostumei como todo mundo; tudo está bem e o negócio é ir levando. E, me levando, me fui para o escuro, para o enigma que sou hoje. Em meio à escuridão não vejo qualquer pessoa, mas também não me vejo mais.
Fica novamente: quem sou eu?
Que solidão! O que faço agora? Por onde começo? Mas, por que devo fazer algo se todo mundo está assim como me vejo hoje? Quem sabe não seja uma questão de costume, vai ver é esta artimanha que os outros desenvolveram que ainda não descobri. Daí fico assim, estática em mim e na vida... Mas não consigo, seria pedir demais, não está em mim.
Sei que me sinto só com a minha caixinha. Nela tem tudo: minhas descobertas, meus desejos, sonhos, fantasias, objetivos e metas, minhas lembranças, mas as dúvidas são em maior número. Puxa, não é fácil. Como me explicar, como me apresentar para o mundo?
Algumas vezes tenho vontade de sair gritando e dizer para todos que esta não sou eu, que isto que vocês estão vendo não é o que sou... Mas, de que adiantaria, ainda por cima pagaria o maior mico.
Indubitavelmente, não me agüento mais, tudo isso está me deixando ruim, bate um aperto no peito, uma ansiedade que grita por algo que deva ser feito.
Meu Deus, o que faço? Por que não me diz o que fazer? Silêncio.
Vem vida, me orienta, me dá um sinal do caminho a seguir, que rumo tomar e o que fazer comigo. Um sinal, por favor. Silêncio.
Como dói! Dói mais não saber e poder explicar e muito mais não poder tirar de mim essa coisa que parece que toma conta de tudo que sou. Eu grito, mas é por dentro e lá ele ecoa por todo meu corpo me desorientando mais ainda. As pessoas até percebem que algo não está bem comigo, mas meu sorriso as despista e daí parece que fica tudo bem... Deixa, em casa eu desabafo comigo mesma. Que nada, já cansei de me iludir com o depois, com a noite que virá, com o aniversário que compareci, um programa de sábado, um filme, um livro e até aquela pessoa que finjo que me faz feliz. Que sufoco, preciso respirar, estou me sufocando em mim!
Chega, algo eu tenho que fazer. Cansei que andar sorrindo e estar morrendo. Isso até parece um daqueles velórios intermináveis onde as pessoas se reencontram, sorriem, dão gargalhadas e vão embora sem o carinho e as boas lembranças do sepultado. Aonde cheguei e o que fiz comigo todos esses anos? Como fui ficar assim?
De hoje em diante está declarada a falta de dor! É isto, chega de sentir dor porque ela está maior do que eu. O que for dor eu vou apagar, vou tocar de mim, ao menos por enquanto; preciso respirar. Necessito inspirar paz e expirar toda angústia que me tira de mim. Tenho que me harmonizar para me entender no todo e me reconhecer. Tenho até a pretensão de sair do meu eu para ser o todo... Quem sabe não seja por aí a minha busca?
Então ta, está feito o acordo. Eu e meu eu vamos em frente, com tudo. Meu clamor por mim deixa, de hoje em diante, ser expectativa no outro, na vida ou em Deus, pois agora me assumo como agente de mim mesmo e me atiro em novas decisões e posturas de vida. Vou acreditar que surgirão coisas novas, diferentes percepções e sentimentos... Uma forma diferente de viver. Sem querer, acho até que já iniciei; agora, aqui, me questionando.
Pego meu barco e me lanço para a vida; ela tem muito mais para me dar do que eu andava me proporcionando.
Fui para meu novo eu!
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